sexta-feira, 9 de maio de 2008

Edgar Rice Burroughs, o criador de Tarzan



Quando Edgar Rice Burroughs escreveu as primeiras aventuras de Tarzan, de 01 de dezembro de 1911 a 14 de maio de 1912, mal sabia ele que ficaria famoso no mundo inteiro e passaria para a história da literatura mundial. Tarzan of the Apes foi publicado, inicialmente, em outubro de 1912, em capítulos, no magazine The all Story. Em formato de pulp fiction a história seria publicada pela editora A.I. Mc clurg Co. em 1914. Inicialmente o livro não teve o retorno esperado pelos editores.
Mas Edgar Burroughs já estava acostumado com aquele tipo de situação. Ele já vinha acumulando fracassos ao longo de sua vida, desde que foi expulso da Academia Phillips, em Andover, Massachussetts. Burroughs também fora desligado do Sétimo E.U. de Cavalaria, em Fort Grant, no território do Arizona, aos 22 anos, em 1897, por "ter o coração fraco". Ele também tentou ser admitido na Academia militar de West Point, mas foi reprovado. Pobre e sem dinheiro para manter uma família casou-se com Emma Centennia Hulbert, com quem teve três filhos. Burroughs manteve o casamento até 1934, quando se divorciou para casar com a ex-atriz Gilbert Dearholt Florence, em 1935. Ela tinha sido mulher de seu amigo Ashton Dearholt. Edgar Rice Burroughs tinha 60 anos de idade e Florence apenas 30. A união durou até 1942.
Quando aconteceu seu primeiro casamento ele trabalhava no negócio de baterias de acumuladores do seu pai, ganhando 15 dólares por semana. Nos anos seguintes Burroughs viveu como um cigano tentando se firmar na vida. Passou por diversos empregos que ele achava "horrível". Trabalhou duro numa companhia de dragagem de ouro, no Oregon. Foi policial de estrada de ferro em Salt Lake City. Vendedor de lâmpadas para zeladores de prédios. Vendedor de balas para drugstores, e finalmente vendedor de livros a domicílio. Até que um dia resolveu ser dono de seu próprio negócio e mais uma vez fracassou. Foi assim, sentado em seu escritório, pensando nas dívidas e nos filhos para criar que Burrough resolveu escrever.
"Eu tinha uma boa razão para achar que poderia escrever e vender minhas histórias. Já lera muitos livros e revistas de ficção e resolvera que, se as pessoas eram pagas para escreverem coisas tão ruins, eu poderia fazer melhor que aquilo. Que poderia escrever algumas histórias tão divertidas e emocionantes", disse Burroughs, tempos depois. Foi por uma causa "nobre" que ele escreveu seu primeiro livro de ficção, um pul fiction intitulado The Moons of Mars, publicado pela The All Story Magazine. Pela publicação do seu trabalho Edgar Rice Burroughs recebeu 400 dólares, cerca de 7.600 dólares nos valores atuais. Se o editor Thomas Newell Metcalfe não tivesse gostado da primeira parte da história, Burroughs desistiria da carreira naquela primeira tentativa de ditar um trabalho literário seu. Metcalfe escreveu para ele: "Gostei da primeira parte da história. se a segunda estiver tão boa como a que eu li, eu estou pensando em aproveita-la".
Numa entrevista, anos depois, Edgar Rice Burroughs declarou; "Se ele não tivesse me encorajado assim, eu nunca teria terminado a história, e minha carreira como escritor teria terminado ali. eu não escrevera por alguma necessidade especial e interior, ou por qualquer amor pela literatura. Eu estava escrevendo porque tinha mulher e dois filhos. Uma combinação que não dá certo sem dinheiro". Numa outra entrevista ao jornal Washington Post, em 27 de outubro de 1929, ele afirmou: "O editor gostou da história, mudou o título que eu havia colocado e lançou o livro que me rendeu 400 dólares. Nenhuma quantia mais tarde me deu a mesma emoção que aquele primeiro cheque. Com o sucesso de minha primeira história, resolvi fazer carreira de escritor e passei a escrever Tarzan of the Apes. No princípio não achei que fosse uma história muito boa e duvidei até que pudesse vendê-la".
Tarzan dos Macacos foi o começo de tudo para Edgar Rice Burroughs, que criou um cenário mágico para as histórias de Tarzan sem nunca ter visitado a África. A receita para o sucesso de um personagem criado por macacos foi simples para ele: "Muitas das histórias que escrevi foram as que contei para mim mesmo antes de dormir. Um dia achei que elas poderiam dar dinheiro. Era minha idéia refazer uma espécie de folclore moderno com o velho mito de Rômulo e Remo, duas crianças criadas por uma lôba".
O sucesso de seu personagem foi tão grande que em 1923, aos 48 anos, ele criou a Edgar rice Burroughs, Inc., passando ele próprio a ter os poderes de imprimir e editar seus próprios livros. Já em meados da década de 30, ele era um homem rico, com tiras de quadrinhos adaptadas de seus livros publicadas em cerca de 250 jornais; o cinema filmando as aventuras do Homem Macaco desde 1918, além de peça em teatro e novela na rádio (sua filha Joan Burroughs como Jane, e seu marido, o ex-Tarzan do cinema James H. Pierce, que interpretara o personagem de Burroughs no filme Tarzan and the Golden Lion, em 1927, fazendo a voz do herói das selvas).
Tarzan foi o único personagem com direito a ser publicado em livro, tiras de histórias em quadrinhos, revistas, filmes para a telona e para a televisão, além de aparecer em palco no Teatro Broadhurst, de Nova Iorque, em 1921, com a adaptação para os palcos de Tarzan of the Apes, com o ator ronaldo adair no papel principal e a atriz Greta Kembla interpretando Jane Porter (na maior parte das adaptações Jane Porter é inglesa,
Gilbert Dearholt Florence

mas nos livros americanos ela é de Baltimore. Só a partir de 1932 mudaram definitivamente o nome para Jane Parker). Tarzan no teatro foi dirigido por George Brfoadhust, mas a crítica e o público não aprovaram a empreitada, e a produção tornou-se um fracasso total. Recentemente a história de Tarzan virou musical na Boradway e desenho animado nos estúdios das empresas Walt Disney.
No Brasil os livros de Tarzan escritor por Edgar Rice Burroughs começaram a ser editados a partir de 1933, pela Cia. Editora nacional, inclusos na coleção Terramarear. O interessante é que as traduções foram feitas por nomes ilustres de nossa literatura como Manuel Bandeira, Monteiro Lobato, Godofredo Rangel, Paulo Freitas, Basílio de Magalhães, Medeiros de Albuquerque e Azevedo Amaral, entre outros nomes de destaque. Os livros com as histórias de Tarzan foram publicados até 1971 quando, um pouco antes, os direitos exclusivos para a língua portuguesa foram cedidos a Distribuidora Record de Serviços de Imprensa S.A. A empresa relançou oito volumes trazendo na capa ilustrações do famoso desenhista Burne Hogart. Eram edições de cinco mil exemplares que terminou na lista dos encalhados da editora.

Burroughs no Sétimo da Cavalaria

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